terça-feira, 13 de julho de 2010

BRADAN 2010, que comecem as batalhas!

Por Ana Ostapenko
Foto: Larissa Melo




Incorporar a música; senti-la na alma; e começar a dançar. É assim que os Bboys Wildenis, King Wild, 23, e Mario, Rockabros, 18, vêem sua arte. Eles são os vencedores da edição 2009 do Break Dance Brasil, o BRADAN, primeiro festival nacional de break promovido pela Central Única das Favelas - CUFA, que levou ao Rio de Janeiro bboys de todo país em busca do titulo nacional.

Eles dançam a quatro anos, são tradicionalistas no estilo locking, seu maior ídolo é o precursor da dança, James Brown, e tem como maior sonho um dia ir ao Bronx, Nova Iorque, o berço do break. E o melhor, dizem tudo isso com um brilho nos olhos. Aquele brilho que só vemos em quem sente paixão pelo que faz, mesmo que essa arte não gere renda a eles.

Mario me dá uma aula de break contando toda a trajetória dessa dança, e como ele se apaixonou por ela em um dia vendo um menino dançar na escola em que estudava, “foi paixão a primeira vista”. Embora ele não tivesse a ginga necessária, se esforçou e aprendeu os primeiros passos, e a partir daí entraria no mundo da dança que hoje dita seu estilo de vida, pois segundo ele, é um bboy 24 horas por dia. Will, mais comedido, também concorda com isso. Ele dança há mais tempo, num tempo onde não havia vídeos para se espelhar, nem vídeos, apenas parcos exemplos como seu primo,o incentivador do dançarino.

Com o advento da internet, o acesso ficou muito mais fácil a novas técnicas de dança. O aprimoramento é constante e sempre há algo a aprender, desde novos giros, passos, e performances, como também em encontrar músicas adequadas para as batalhas, que é como eles chamam os encontros onde os bboys disputam pelo melhor desempenho na pista de dança.

O BRADAN foi um capitulo à parte na vida desses meninos. Foram 21 horas de viagem dentro de uma van de Dourados à cidade do Rio de Janeiro, e chegaram lá no dia da competição e não tiveram muito tempo pra descansar. Quando chegaram ao local da competição, o frio na barriga veio, mas a vontade de mostrar sua arte era maior ainda e eles seguiram pra luta.

Foram três batalhas de 4 a 6 minutos até a grande final que durou 8 minutos, e 2 eternos minutos de decisão dos jurados. Eles se diziam contentes em ter chegado até ali. Disputar uma final então... O segundo lugar já era de bom tamanho, uma vez que eles disputaram com as duplas da casa. A surpresa foi enorme quando todas as mãos do júri apontaram pra eles. Mario conta que demorou a “cair a ficha”, pois nunca tinha participado de um campeonato daquela magnitude, e Will não sabia o que fazer quando presenciou essa cena. E, sim, para eles foi a glória.

Junto com o prêmio veio o reconhecimento da dança aqui no estado de Mato Grosso do Sul. Na escola em que eles dão aula os alunos se orgulham dos professores que tem e se empenham ainda mais para um dia tornarem-se grandes bboys.

Esse ano tem a segunda edição do BRADAN, e os bboys estão ansiosos para fazer o seu show nas pistas do Estado e claro na grande final,que este ano será em Cuiabá-MT, os atuais campeões pretendem dançar muito pra garantir o bicampeonato,pois eles sabem que não é fácil, mas mesmo assim são enfáticos: “Dançaremos até o fim”.